segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Circo, Crianças e Tempos Livres na Rádio Comercial

No programa Barulho das Luzes, da Rádio Comercial, transmitido no passado sábado, dia 29 de Agosto, com a condução pelo locutor Diogo Beja, Luísa Martins, responsável pela Acção Social, falou da abertura dos Atelier de Circo para crianças que acontecem, no Chapitô, todas as 2.ª feiras das 17.30H às 18.30H.

Nesta abertura do ano escolar, oiça aqui o que preparámos para a ocupação do tempo livre dos mais jovens.



A boa música de volta ao Bartô


Quarta 02 de Setembro 22H Bartô
Jazz no Tanque
Gonçalo Marques Trio

Quinta 03 de Setembro 22H Bartô
Músicas do Outro Mundo
Samba de Botequim

Sexta 04 de Setembro 22H Bartô
Noites de tertúlia onde o Fado acontece

Sábado 05 de Setembro 23H Bartô
DJ Sessions
Grovalizacion DJ's

Domingo 06 de Setembro 22H Bartô
Sonhar o Mundo, África aos Domingos
Canela


Nota: Cancelado o espectáculo de apresentação do mais recente álbum de Jorge vadio, anteriormente programado para sexta-feira, 04 de Setembro.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Uma Honra e um Prazer

Raúl Solnado e Bruno Nogueira
EPAOE - Início do Ano Lectivo 2008-2009

Boa Noite a Todos

Cá estarei de volta ao circo, em Outubro, a fazer de conta que sou DJ, mostrando as músicas que gosto de ouvir em casa, lá em baixo no Bartô. Mas há mais....!!!???

Tenho ouvido dizer que vão ser retomadas as apresentações "Chapéus há muitos" na esplanada, e muitas outras coisas.

Sei isto porque ando fechado na Tenda Magna em ensaios, eu e os outros, (mas às vezes saímos para um café) preparando um novo espectáculo da Companhia lá para Outubro, para todas as idades, dos mais novos aos mais velhos e o contrário. Chama-se «A História de quem perde a sombra» e é baseado na «Maravilhosa História de Peter Schlemhil», de Adalberto Chamisso.

Portanto, já sabem. Outubro, Outubro, Outubro.

Venham os velhos de gatas, as crianças de bengala, e os que estão no meio disto venham também, nem que seja só por vir e depois logo se vê...


Miguel Castro Caldas

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O lado plástico do Espectáculo

O Cartaz da SIC Notícias também guardou lugar na primeira fila da Tenda de espectáculos do Chapitô, desta vez para assistir a KRANKHEIT, última PAP dos alunos do 3º ano da EPAOE.

No binómio dramaturgia-cenografia a dominante recaiu sobre o lado plástico da construção de um espectáculo. A jornalista Maria Ana Figueira falou com professores e alunos do último ano do curso CenFA - Cenografia Figurinos e Adereços e conheceu mais um pouco sobre a arte de se construir um espectáculo.

Este programa foi emitido na SIC Notícias no passado dia 21 de Agosto.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tratado do Teatro

Teatros, exposições, concertos e dança
não foram afectados pela crise.

O Chapitô também não!!!


A crise não chegou à cultura!
Não chegou ao teatro, nem às exposições, nem aos concertos nem à dança… pelo menos à cultura apoiada pelo Estado Português!
É o que diz a Lusa citada pelo Público em notícia de ultima hora.
É bom saber que a crise não chegou ao Estado, deixa-nos mais descansados e até mais confiantes. Se a crise não chegou ao Estado podemos sempre contar com o Estado se a crise chegar até nós!
É engraçado que se fale do Castelo de São Jorge do Teatro Maria Matos, do Teatro Nacional Dª Maria II, do Teatro Municipal São Luiz, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Orquestra Metropolitana de Lisboa, do Centro Cultural de Belém, do Teatro Nacional de São Carlos, da Companhia Nacional de Bailado… mas não se fale do Chapitô ou de outras salas mais pequenas, menos formais, menos institucionais mas também elas cheias de publico, também elas grandes contribuidoras para a cultura nacional, também elas fervilhantes de ideias e de artistas e cheias de novas criações…
Também elas a serem premiadas porque trabalham em diversas vertentes, não só na cultura, mas também na educação de novos e futuros artistas e criadores e no apoio de quem mais precisa, ou seja no trabalho com e para o social.

Não sou o único a olhar o céu

Em busca do órfão Português .
Portugal órfão de projecto .
Chapitô projecto para o país!!!!


Depois de ler a notícias do DN Gente sobre Josefine Backer veio-me à memória a música dos Xutos:
“Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado às tentações

E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas se abrirem
Vais ver o sol brilhará”



Josefine Backer
a exuberante vedeta internacional não é a única a dedicar uma vida que podia ser apenas de luxo e de luxúria, aos outros, aos que mais precisam, aos excluídos socialmente, aos não integrados na sociedade.
O prémio Beneficência recentemente atribuído pela Gulbenkian premeia esse trabalho social que Teresa Ricou desenvolve vai para 28 anos. Premeia todos os que neste trabalho se empenham todos os dias e premeia uma vida que podia ser de luxo mas que é de partilha, de ajuda, doação e de dádiva constante.
Teresa Ricou não é a única a ter esperança, a única a arregaçar as mangas todas as manhãs e a deixar a porta entreaberta todas as madrugadas, entreaberta porque há sempre alguém que precisa…(de ajuda).

Continuo a ser uma revolucionária




Edição N.º 629 (de 05 a 11 de Agosto) da revista VIP

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os Milagres do Chapitô



Antes que começasse o espectáculo, Teresa Abecasis, jornalista da Rádio Renascença, passou 2 dias no Chapitô. Nos bastidores filmou quase tudo e falou com quase todos para, no fim, falar do que realmente nos move: a Reinserção Social através das Artes.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Chapitô na Volta a Portugal

Pelo Mundo... pela Imprensa

OS PALHAÇOS

Resposta à crónica Juízo final do sociólogo Alberto Gonçalves publicada na revista Sábado de 14 de Maio 2009.

Alberto Gonçalves (AG) escreveu uma crónica na revista Sábado, a propósito de um projecto de lei do Bloco de Esquerda (BE) contra a crueldade com os animais no Circo. Esse sociólogo também se opõe a tais mal tratos, posição que esclarece em duas penadas. No restante texto, denigre o Circo, insulta o Chapitô, ataca o BE e até os habitantes do Bairro da Bela Vista que serão, segundo as suas palavras, criminosos que “arrecadaram milhões em roubos violentos”. Pessoas que, segundo diz, são opressores que deveriam viver nas gaiolas dos animais do circo. Animais em jaulas, não. Pessoas, sim.

Enfim, que pensar de alguém que pega num projecto de um partido com o qual concorda para disparar para todos os lados? Mas AG acha que oportunista é o Bloco que só avança com essa proposta porque tem de apresentar algo “ fracturante por semana”. Só não se percebe como é que AG acha que defender os direitos dos animais é uma causa fracturante se, afinal, ele mesmo entende que são “miseráveis as condições a que os animais são sujeitos”.

Parece que o cronista terá sido levado ao Circo algumas vezes durante a sua infância, experiência que descreve como a mais triste da sua vida. Está visto que AG foi um privilegiado e que a pior experiência a que assistiu foi “a manha dos ilusionistas, a precisão dos atiradores de facas, a loucura dos engolidores de fogo”, para empregar as suas próprias palavras. De certeza que muitos habitantes do Bairro da Bela Vista assistiram a coisas bem mais tristes. Adiante. AG nunca superou esse gravíssimo trauma da sua longa infância. Tanto que declara: “Chocam-me igualmente as figuras a que se prestam os integrantes do Chapitô”. Interessante. O cronista choca-se com o artista de circo e com as condições a que são sujeitos os bichos. Pena é não se chocar com as condições de quem nasceu e cresceu em bairros degradados. Nem com a ignorância.

O Chapitô ensina e pratica, desenvolve e apresenta, na sua “casa de cultura”, essa arte milenar que é o Circo. Trata-se de explorar a estética e a técnica, constituindo a identidade através do risco, do limite, da plasticidade interpretativa do corpo coreografado, encenado, performatizado… E assim, no Chapitô trabalha-se, dia e noite, para desencadear nos jovens e nos não-jovens, nas crianças e nos artistas da cena ou do “site specific” o confronto e a intersecção das inteligências e das sensibilidades.

Mas o Chapitô não é apenas um “chapiteau”. É um serviço público social de formação e de cultura; é uma Equipa de Animação nos Centros Educativos da Bela Vista e Navarro de Paiva; é uma Escola (a tempo inteiro) que torna curricular o trabalho clownesco nos Hospitais, nos Bairros Sociais, em Serralves, na Casa da Música, em iniciativas regionais, ou europeias…E que acumula quase 30 anos de experiência sobre reinserção social pela arte.

É fácil pegar na pena e desatar a cuspir fogo ou a atirar facas contra os habitantes dos bairros desfavorecidos e alienados, contra o Circo tradicional e a arte circense actual. É simples fazer sociologia de bolso e falar de cor. Difícil é estar no terreno, viver o desequilíbrio e o equilíbrio de todos esses trapézios e cordas bambas. Algo de que AG, que afirma escrever a sua prosa “num quarto de hotel a cinco mil quilómetros de distância, a olhar o País no computador”, parece estar completamente arredado.

Agradecimento a Joana Amaral Dias

MEU LINDO AGOSTO

Imagem captada durante o Exercício-Espectáculo dos alunos do 2.º ano da EPAOE (Junho 09)


A grandeza de se ser uma Associação Cultural cheia de medalhas é poder chegar a Agosto e escrever algo profundamente ligado à falta de conversa, tendo como leitores um esmagador universo de pessoas que, quase de certeza, não visitará este site por estar a banhos.

Nós, o Chapitô, que somos conhecidos como uma das melhores vistas da cidade de Lisboa, achamos que Agosto é um mês de grandes reflexões, sobejamente conhecido pelos grandes acontecimentos históricos e os discursos inflamados pelo voo dos aéreos e pelas acrobacias circenses…

Estamos em Agosto e os grandes planos urbanísticos passam pelas filas de monociclos na Praça de Espanha em direcção à Côte de la Caparica.

Estamos em Agosto e as grandes preocupações são políticas. E por preocupações políticas entenda-se tentar perceber se o Senhor de São Bento irá colocar mais louras no futuro governo do que o Senhor da Moncloa colocou no actual.

Em Agosto fala-se de coisas sérias como a revitalização da alma, do corpo e da mente, da praia ou das esplanadas, da pacata vida do interior do país, dos turistas cheios de escaldões, da Sombra…

As grandes questões de Agosto não deixam de fora temas tão basilares como as férias do Sócrates e do Aristóteles, mas também os netos de Medeia que vivem em Londres e que por estas alturas constipam-se sempre, motivo suficiente para se fazer parar a oposição.

Agosto, esse grande Agosto de reflexão, planos e projecções, futuro.

Se não fosse o Agosto, quem faria as arrumações e prepararia o Setembro?

Enfim, com tanta coisa séria de que se falar em Agosto torna-se absolutamente necessário ter a casa a meio gás. Os tempos de crise levam a casa a pensar a estratégia e a preparar-se para o Inverno, estamos em reflexão!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Um outro olhar

O blogue do Chapitô desafiou a senhora da Casa, Teresa Ricou, a reescrever a entrevista dada à jornalista Cristina Margato e publicada na edição n.º 1917 do caderno actual do semanário Expresso, nas bancas no passado dia 25 de Julho.


Partindo do excelente trabalho jornalístico de Cristina Margato clarificámos alguns pontos que, lidos por quem não conhece este projecto que conta já com 28 anos de existência, podem ofuscar a imagem deste sonho tornado realidade: A Reinserção Social através das Artes. Ora releiam...


Não deixou de ser a mulher palhaço Tété. Saiu de cena para outros poderem entrar. Sem preconceitos, mas vitima deles, Teresa Ricou fala da sua vida sem limites. Porque dorme tranquila. A Gulbenkian premiou-a esta semana.

Logo depois de Obama ganhar as eleições nos Estados Unidos, Teresa Ricou telefonou para um ministério apresentando-se como mailto:T%C3%A9t%C3%A9Obama@Chapito.org... Os amigos contam a história entre risos e começam a cantarolar "obama ou que linda obama"...

É apenas uma das muitas que há para contar desta senhora de discurso desbragado que há uns anos se apresentou como a primeira mulher palhaço de Portugal. Toda ela é liberdade, mas "também exigência", garante. À hora de jantar, no pátio do Chapitô, Tété falou-nos da sua vida, sem desvendar a surpresa que guardou para Rui Vilar, presidente da Fundação Gulbenkian, que acaba de a distinguir com o Prémio Gulbenkian Beneficência.


Blog do Chapitô - Qual é o momento mais importante do seu trabalho?

Teresa Ricou - É ter os professores todos à hora certa. É sentir os colaboradores todos, cada um à sua maneira e com as suas responsabilidades, envoltos de alma e coração, num projecto que é mais de todos do que de mim própria, pois que quando for a minha hora, estarei na pista a fazer rir.

BC - Consegue?

TR - Não.

BC - E zanga-se?

TR - Não me zango. Expludo.

BC - Como são as suas explosões?

TR - Começo às nove da manhã a ver quem está e quem não está… Estou a brincar, obviamente. Isto é metafórico.

BC - Mas tem mau feitio?

TR - Não, não tenho mau feito, sou exigente e rigorosa. Sou uma alta burguesa. Bem nascida, bem instalada. E quando for a momento voltarei à minha família, que está à minha espera. Agora, tenho um problema: sou muito exigente e muito rigorosa. Hoje, isso confunde-se com mau feitio. Portugal não tem rigor, e, como tem este mar à frente, as pessoas afogam-se a meio, e eu ainda não me afoguei. Estou com algum fôlego, mas posso perdê-lo. Não tenho nenhuma razão para ter mau feitio: sou gira, já namorei o suficiente, tive os amantes que quis, tenho o filho e a família que quero e escolhi outras famílias, alarguei o leque da minha. Vivo feliz e contente. Estou exausta de trabalho, porque é muito difícil trabalhar com muita gente, sobretudo com os adultos. Não é com os jovens. Por isso, não tenho mau feitio, e quando a coisa corre mal está em causa o meu nome e de um projecto que construi que se chama Chapitô. Por isso, tenho de defender a qualidade dos miúdos que saem daqui e das pessoas que cá trabalham.


BC - A luta é diária, apesar de a escola estar montada?

TR - Não tenho uma escola, tenho um projecto. A escola faz parte deste projecto em construção. Não pode ser algo feito à toa. Não trabalho sem rede. Fui construindo a rede, e é em cima dela que posso exigir e nela que muitos podem criar. Eu tenho 80 anos: 60 de vida e 28 de projecto.

BC - Porque diz isso? Não se sente como uma mulher de 80 anos, pois não?

TR - Não, às vezes até tenho 15 anos. Consigo ser bem disposta e não ter o peso da responsabilidade. Ponha-me ali no ATL com as criancinhas a ver como é…

BC - Gostava de ver.

TR - Também eu. Não tenho é tempo para lá chegar. Quero com isto dizer que segurar as pontas deste projecto é fundamental para o país. O Chapitô é um modelo. Quem quiser aproveite: temos a acção social integrada com a cultura e com a educação, sem falar na saúde e na habitação, que também temos para os mais carenciados; e estamos em negociação com o centro de saúde do bairro, porque os miúdos precisam de ter consultas regulares hoje ou amanhã, não é daqui a seis meses. E depois temos de os educar para a cidadania, para o corpo, o corpo tem de pensar. Educar estes jovens para uma sociedade mais solidária e responsável. E nisto não se pode adormecer. As pessoas distraem-se.

BC - E onde é que fica a vontade de fazer rir?

TR - Não consigo administrar e fazer rir. Quando chegar o momento estarei na pista a fazer rir. Para já estou na prateleira para muita gente estar em cena. Ainda pensei que este espaço fosse mais fácil de administrar, de uma forma mais dinâmica, e que a administração não fosse tão difícil… mas até agora levou-me 28 anos.

BC - Mas já deixou de equacionar o regresso aos palcos?


TR - Equaciono todos os dias! Qual é? Acordo a pensar nisso. Tenho esse prazer. Não consegui. Mas tenho de dar a respiração para que isso aconteça. Estou à espreita, como uma raposa velha. No dia em que tiver oportunidade, eu entro!

BC - Mas é mesmo uma raposa velha…

TR - Velha na medida em que já sei tudo, e agora já ninguém me vai enganar. Não vou cair em rasteiras; mas caí em algumas.

BC - Quais?

TR -Não quero pensar nelas. Não vivemos num mundo transparente. Este mundo está cheio de meandros. Eu já nasci com protagonismo dentro do mundo do espectáculo, na vida é preciso dar espaço, protagonismo a quem mereça e quem o conquiste. A minha carreira de artista correu-me bem. Também tive meu lugar como artista numa profissão difícil, única mas que brilhou. Agora penso, é chegada a hora de dar lugar, oportunidade aos outros.

BC - Consegue apontar o momento em que percebe que a sua missão é o circo?

TR - Não. Sei que gostava de fazer rir. O circo foi um derivado do cómico E quando é que descobre que gosta de fazer rir? Desde sempre. Para já estava sempre de castigo nos colégios, e dentro do castigo brincava. Transformo a miséria em coisas positivas. Tenho esse dom. Não nasci com dificuldades. Mas tenho-as por opção e transformo-as.

BC - Não tem fases melancólicas?

TR - Tenho imensas. Sou uma pessoa muito só. Este projecto é de uma solidão enorme. Mas aprendi a viver com isso. Preciso de estar sozinha. Muitas vezes procuro pessoas com quem partilhar esta administração, mas onde é que elas estão? Estas missões não se partilham. Vivem-se. Entregam-se.

BC - Não tem cúmplices?

TR - Na construção e manutenção, não tenho muitos. A Cumplicidade no plano estratégico é difícil e complicada é mais fácil usufruir. É para quem der e vier, mas sobretudo para quem vier e der. Isto é dito de uma forma construtiva e real.

BC - É meiguinha com os alunos?

TR - Não sou meiguinha. A vida não se faz com meiguices, faz-se com atenção e dando oportunidades, é importante saber gerir as emoções.

BC - Nem com o seu filho?


TR - O meu filho tem o seu lugar muito especial, tem todo o carinho e o amor de uma mãe apaixonada eternamente, preciso ter mais tempo para estarmos juntos.

BC - Foi mãe muito cedo.

TR - Tinha 19 anos. Foi um nascimento pensado com o Francisco Salgado.

BC - E o casamento não correu bem…


TR - É uma longa história, mas é engraçada (risos). Está para ser publicada, porque é a pré-história do Chapitô. Esta coisa de ser artista e ser boémia tem muito que se lhe diga, e não é fácil ligá-la com um engenheiro. Cada um foi à sua vida. Fomos muito amigos, ele já morreu. Digamos que eu tive um desvio, mas rapidamente passeei para o outro lado. Ele foi para o Brasil, e eu fui exilada para França, em 68/69. Fui com a Luiza Neto Jorge, com o Seixas Santos…

BC - Não voltou a ser mãe. Porque?

TR - Porque há muitos abandonados. Temos é que tomar conta dos que cá estão, não é estar a fazer mais. Aconselho vivamente as pessoas a olharem para o que está à sua volta. Cumpri todas as fases: casei, tive filho e depois comecei a incomodar-me com o que tinha à volta. Pus a mão na massa.

BC - Organização é algo que lhe falta?


TR - Organização e método está na base de tudo, a criação só terá sucesso se houver uma retaguarda organizada.O criador pode ter essa capacidade de organizar. Quanto a mim dei prioridade a uma organização geral do Chapitô, como se pode verificar. Se for capaz e for a tempo gostava de voltar a pensar em mim, e de cuidar do meu visual, saúde e continuar com a minha carreira artística. Preciso organizar-me.

BC - Vive aqui perto?

TR - Não, em Santa Catarina. Na outra colina.

BC - Também tem vista para o rio?

TR - Sim. Não me falta nada. Vivo no meio da fricalhada. Vou daqui e apanho-os lá, outra vez, de madrugada.

BC - As pessoas reconhecem-na na rua dos tempos da Tété mulher palhaço?

TR - Certas pessoas.

BC - E não tem saudades daquela errância do circo?


TR - Tenho imensas saudades, de andar na carrinha Volkswagen, de terra em terra, sair de madrugada no final do ultimo espectáculo e seguir para outra povoação, chegar com o sol a raiar, ver e ajudar a montar a tenda, e à noite preparar-me para outro espectáculo. Foram alguns anos nessa vida, uma riquíssima experiência. De momento apetece-me pensar, relembrar e escrever a história, digerir esses grandes momentos de uma vida vivida pelo mundo fora.

BC - Mas já não é a mulher palhaço…

TR - Claro que sou, sindicalizada como profissional – Palhaço, artista de circo.

BC - Quem é o possível herdeiro do Chapitô? Não é o seu filho?

TR - Velo pela herança do Chapitô, estamos ainda à procura de uma agilidade administrativa que prepare uma plataforma sólida para a concretização do “projecto global Chapitô” e no qual o meu grande desejo é ter com muito carinho e toda a competência o meu filho, ao lado de outros protagonistas de um projecto que será este, sendo deles o futuro.

BC - Tem vícios?


TR - Claro. Como que nem uma desalmada. Deixei de fumar. Fumava três maços por dia. Um acidente vascular cerebral ameaçou mas, apesar dos meus 80 anos, ainda não aconteceu, pois os muitos jovens de variados percursos e origens que aqui vêm procurar nas artes um ofício reforçam a minha vontade de viver e ser socialmente útil. Agora quero é continuar a escola no porto Lisboa, consegui avançar para o quarto ano da especialidade. Já falei com quatro universidades. Vamos lá a ver qual é que escolho. Quero fazer isto antes de morrer. O Chapitô é um modelo alternativo à nossa sociedade de consumo. É preciso chamar a atenção, o poder político está distraído e desfocado da realidade. Eles falam da política só por falarem. Não vivemos em democracia. E agora como é que se sai desta? Você telefone para o Bourdieu (já morreu) e ele que lhe diga. Se esta tarefa de 28 anos a construir um projecto: educação, cultura e social, não for importante, não foi viável, não tiver os resultados esperados…???Voltarei sempre à minha origem como artista e esta casa passará a ser a sala de espectáculos da Tété da mesma maneira que outras salas: Cornucópia, Comuna…Tentei construir um projecto para todos, à espera da minha hora. Não quis exactamente fazer do Chapitô a minha sala de espectáculos mas sim uma sala para muitos. Isto não é a minha casa. E não é uma questão de altruísmos, mas de responsabilidade social. Durmo descansada. Estou tranquila.

BC - E vota?

TR - Você gostava de saber. Mas eu não lhe vou dizer.

BC - Vota sempre no mesmo?

TR - Tenho umas oscilações… Neste momento, estou muito enervada, porque não tenho grande perspectiva. Está difícil, e você sabe disso. Mas eu por mim fazia uma revolução outra vez! Aproveitava as coisas boas, deitava fora as más e entrava em campo rapidamente com amor, humor e prazer. O adquirido para o resto da vida não pode ser. Tem de ser conquistado no dia-a-dia. Isto é uma sociedade de preconceitos. E eu também tenho esse peso. O preconceito de ser única mulher, de ser a única mulher palhaço e de ter o único Chapitô.

sábado, 1 de agosto de 2009

E ainda as PAP's

Teresa Ricou e Rogério Samora

Rogério Samora - Actor

Raúl Lapa - Designer


Rafael Alvarez - Cenógrafo e Coreógrafo

Peter Michael - Bailarino

Nuno Barroso - Pianista

Merche Ochoa - Artista de Circo

Maria Emília Brederode - Pedagoga

Marcelo Gouveia - Assessor da Direcção-Geral das Artes

Manuel Graça Dias, Ângelo Torres, Rogério Samora e Ezequiel Oliveira

Manuel Graça Dias - Arquitecto

Lídia Jorge - Escritora

Leonor Seixas, Teresa Ricou e amigos

Karley Aida - Artista de Circo

José Costa Reis e Rogério Samora

José Costa Reis - Cenógrafo

José Carlos Garcia e Merche Ochoa

José Carlos Garcia - Director Artístico

João Afonso - Sociólogo

Joana Amaral Dias - Deputada

Francisco Lucena - Empresário do ramo da Restauração

Florbela Torralvo - Artista de Circo

Fernando António - Jornalista

Fernando António e Conjuge

Fátima Lopes, Marcelo Gouveia e Lídia Jorge

Fátima Lopes e Teresa Ricou

Fátima Lopes - Estilista

Ezequiel Oliveira - Bailarino

Eduardo Henrique - Produtor

Cristina Margato - Jornalista

Conceição Moita - Pedagoga

Cármen Santos - Representante do Sindicato dos Trabalhadores do Espectáculo

Benvindo da Fonseca - Bailarino

Ângelo Torres, Alexandra Lencastre e Cármen Santos

Ângelo Torres - Actor

Amália Ricou

Alexandra Lencastre e Teresa Ricou
A estilista Fátima Lopes, o cenógrafo José Costa Reis, os actores Alexandra Lencastre, Rogério Samora, Ângelo Torres, José Carlos Garcia, Merche Ochoa - esta última reconhecida artista de circo internacional - foram alguns dos membros de júri das provas do final dos alunos do 3º ano dos Cursos Profissionais de Artes do Espectáculo: Interpretação e Animação Circenses e Cenografia, Figurinos e Adereços.
A composição do Júri evidenciou o esforço da equipa da EPAOE em credibilizar o processo de aprendizagem nas Artes Performativas, com predominância nas Artes de Rua, Circo e Palco.

As avaliações contaram, de igual forma com uma Comissão de Honra composta por personalidade que vão da Educação apolítica, do Empresariado ao Jornalismo: a pedagoga Emília Brederode, a Deputada Joana Amaral Dias, o Assessor da Direcção Geral das Artes Marcelo Gouveia, o pianista e professor da Escola de Música do Conservatório Nacional Nuno Barroso, o Assessor do Gabinete do Coordenador Nacional do Plano Tecnológico António Bob dos Santos, o Administrador do Grupo Sacramento Campos Carlos Sacramento Campos, o jornalista da Rádio Clube Português, Fernando António, o empresário do ramo de Hotelaria Francisco Lucena, entre outros, expressaram a sua opinião que, ainda que não expressa em voto, muito contribui para a análise do trabalho de 3 anos lectivos desenvolvido nesta escola projecto.