quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Teresa Ricou em entrevista à LUSA



Cultura: Teresa Ricou quer construir uma escola superior de circo (C/VÍDEO e ÁUDIO)

Lisboa, 23 dez (Lusa) - A mentora e diretora do projeto Chapitô quer construir uma escola superior de circo, um projeto integrado que junte cultura, formação e espetáculo, numa "dinâmica de economia social" com valências de Ensino Superior.
Teresa Ricou explicou, em entrevista à Lusa, que tem em mente "um projeto idêntico ao Chapitô, que englobe cultura, formação, espetáculo, integração social, mas com uma outra dimensão, que vai também passar por uma escola superior de circo".
O espaço, que a diretora pensa instalar num edifício no Porto de Lisboa, vai poder acolher cerca de 150 alunos e "terá também um espaço de exposição, um espaço de restauração, e um espaço de bar à noite".
Tudo isto, acrescentou, "sempre na perspetiva da economia social, a noite há de pagar o dia e numa constante procura de investimento entre a parte comercial e a parte social".
Agora, disse ainda Teresa Ricou, falta "passar à prática e encontrar a equipa, encontrar financiamentos, encontrar o suporte logístico para tudo isso".
Fazendo contas por alto, e sublinhado sempre que considera que o projeto "tem tudo para dar certo", a diretora fala em "2 milhões de euros" para concretizar a ideia.
JYF.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico *** Lusa/fim.





Cultura: “Portugal não está em crise económica, precisa é de valores” – Teresa Ricou (editado)

Lisboa, 23 dez (Lusa) – Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Precisa é de valores sociais e de “políticos que desçam à terra”.
A primeira mulher palhaça portuguesa – Tété –, há quase 30 anos à frente de um projeto artístico e social que considera “uma retaguarda cultural e uma vanguarda humanista”, defende também que ao país que “cabe todo no Chapitô” falta “um projeto político, social, cultural e de educação” que olhe para os afetos e para além da economia.
“O país não está em crise. Acho que há bastante dinheiro por todo o lado, está é muito mal distribuído. Porque as pessoas mais ricas continuam a ser ricas, as mais pobres continuam a ser pobres. Agora há, realmente, uma crise de valores muito grande”, afirmou à Lusa.
E escolheu uma metáfora para explicar melhor: “É preciso fazer uma limpeza deste rio para que os peixinhos continuem a nadar, para que haja um equilíbrio social, que não está a haver”, afirmou.
Teresa Ricou considera que faziam falta ao país políticos mais próximos das pessoas, “mais próximos da realidade”: “Nós sentimo-nos sós cá em baixo. [Os políticos] preocupam-se mais com a competitividade política dos partidos do que propriamente com o projeto social pelo qual devíamos todos estar a lutar”, afirmou.
E, acrescentou, neste “circo político, onde há vários artistas ao mesmo tempo, há uma disputa relativamente pouco clara e pouco interessante entre eles, [que faz com que] a mudança da sociedade não seja feita efetivamente”.
“Incomoda-me o discurso que tenho visto agora para as campanhas, um discurso um bocado gratuito: as pessoas falam por falar, dizem por dizer, não tem grande objetividade e coisas concretas. E estão numa guerra de audiências”, disse.
A artista disse-se ainda preocupada com futuro da atual “geração de rápido desgaste”, com a qual pretende “brincar um bocado, juntando o cheiro a livros aos computadores” para “superar a ditadura dos direitos pela ditadura dos afetos”.
Ainda uma palavra sobre o papel do Estado na Cultura, na Educação e no Serviço Social do cenário de hoje: “Acho que o Estado tem que existir, tem que ser um espaço regulador daquilo que fazem as organizações e não pode ser concorrente com elas. Mas acho também que já é altura de as empresas começarem a participar”, terminou.
JYF.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***Lusa/fim.

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